segunda-feira, 8 de setembro de 2025

The Legend of Zelda: Four Swords Heroes - o primeiro capítulo de uma fanfic cancelada

  Entre 2023 e 2024, eu planejei uma fanfic de Zelda chamada Four Swords Heroes. Seria uma sequência direta de Four Swords Adventures, mas também servindo como sequência indireta de Twilight Princess.

 Originalmente, a minha ideia era fazer duas fanfics diferentes, cada uma como sequência para um desses dois jogos. Mas eu percebi que minhas ideias iniciais, não sendo ruins, eram um tanto derivativas. A sequência de FSA era muito parecida com A Link to the Past, e a de Twilight Princess com Majora's Mask. Foi aí que eu decidi combiná-las, me aproveitando do fato de que, oficialmente, Twilight Princess e Four Swords Adventures se passam no mesmo ramo da cronologia da franquia. Mais precisamente, a história lidaria com o fato do Ganon de Four Swords Adventures ter terminado o jogo vivo, apenas aprisionado, e o fato de que no final de Twilight Princess a Triforça permaneceu separada, espalhada por Hyrule.

 Eu estava bem enamorado com a minha ideia. Seria uma exploração da natureza cíclica do limbo reencarnatório que mantém Ganondorf, Link e Zelda aprisionados por toda a eternidade. Ganondorf seria o único que literalmente reencarnaria, com todas as suas versões tendo a mesma alma (por isso os Ganondorfs de Ocarina of Time/Twilight Princess e Tears of the Kingdom também teriam certa relevância na narrativa, apesar do "principal" ser o Ganondorf de Four Swords Adventures). Os casos de Link e Zelda seriam mais complicados. Seria uma fanfic longa também, eu envisionava uns 50 ou 60 capítulos.

 Eu cheguei até a fazer uma "logo" pra fanfic, no estilo da logo da era 8/16-bits de Zelda, tamanha a minha paixão pelo projeto. Não ficou lá muito boa, mas eu fiquei satisfeito.

 

 Bem, mas como seria a tal fanfic? Sete anos após os eventos de FSA, Ganondorf seria liberto por Koume e Kotake, as mães adotivas do Ganondorf de Ocarina of Time/Twilight Princess (e, como seria revelado no futuro, irmãs mais novas do Ganondorf de Tears of the Kingdom). Elas o levariam em uma busca pelos pedaços da Triforça, busca que seria o primeiro passo para a sua libertação. Um pedaço já estava com ele, tendo sido mantido "dentro" do tridente que ele havia roubado, sendo a Triforça do Poder a verdadeira fonte de sua força, enquanto o tridente era apenas um receptáculo para a relíquia (um retcon de leve, eu nunca fui fã do tridente só transformar o Ganondorf em Ganon em FSA quando isso sempre foi algo exclusivo da Triforça do Poder). A Triforça da Sabedoria estaria com Zelda, e a da Coragem escondida. É aí que o Homem Velho entraria, ele era o guardião da Triforça da Coragem e havia sido encarregado pelas Deusas de ser um mentor para o jovem Link.

 O Homem Velho, um arquétipo clássico da franquia, aqui seria ninguém menos do que o Herói do Crepúsculo, o Link de Twilight Princess. Não vou entrar muito em detalhes, mas eu envisionei seu passado da seguinte forma: tendo mantido a Triforça da Coragem consigo, ele foi visto pela última vez saindo da Vila Ordon. Imaginei que ele teria partido em busca de uma maneira de reencontrar Midna, mas sua ausência deixou a vila vulnerável para um ataque de monstros, enviados por Koume e Kotake para vingar a morte de Ganondorf no final de Twilight Princess. Tendo perdido os dois mundos que salvara no passado e tendo sido condenado pelas Deusas à imortalidade enquanto seu sucessor não recebesse a Triforça da Coragem, ele se tornaria um idoso um tanto amargurado, que veria o ciclo de Demise com certo cinismo. Um contraste com o heróismo desavergonhado do Link adolescente, oriundo de FSA, e um paralelo com o fato do Herói do Crepúsculo ter sido também ensinado por uma versão anterior de Link, o Herói do Tempo, na forma do Hero's Shade. As luvas eram para esconder a marca da Triforça da Coragem de olhos curiosos.

 Por que cancelei a história? Bom, sendo honesto eu só me cansei da fanbase de Zelda. Memórias muito ruins, um povo extremamente tóxico. Eu percebi que qualquer coisa que eu escrevesse seria, de certa forma, "para eles" e eu me recuso a escrever para gente assim. Mas não acho que fará muita falta. É uma pena, é um projeto pelo qual eu estava realmente apaixonado, e não é uma obra que eu poderia só "converter" em história original, tirando os elementos da franquia. A ideia está atrelada demais a Zelda.

 Enfim, eu decidi postar o primeiro capítulo, o único a ser finalizado, aqui. Espero que alguém goste.

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  Ganondorf se levantou com dificuldade. A espada que atravessara seu peito, a lâmina que bane o mal, mal lhe permitia respirar. Suando, ele encarou seus dois oponentes: Zelda, a princesa regente de Hyrule, e o jovem rapaz de roupas verdes que o enfrentou. O jovem que empunhava a Espada Mestra. Eles não demonstravam nenhuma emoção, mas o gerudo sabia muito bem o que pensavam. Eles pensavam que haviam vencido. Eles pensavam que esse era seu fim. Tolice! Ele passou por coisas piores no passado e sobreviveu. Ele sobreviveu a uma tentativa de execução, sobreviveria a outra facilmente. Um deus não morreria de forma tão humilhante. Era questão de tempo, mas ele se recuperaria e atacaria novamente. Ele se vingaria de toda Hyrule por essa humilhação.
— Não pensem que isso acaba aqui! — Ele exclamou, em meio a gemidos e grunhidos de agonia, com a voz rouca — A história da luz e da sombra será escrita em sangue!
 Nenhuma reação. Claramente, eles não estavam impressionados com as suas ameaças. Subitamente, ele sentiu um estranho formigamento na sua mão. Ao olhar para ela, ele se surpreendeu ao ver o símbolo do Poder Dourado desaparecendo. Ele conseguia sentir o poder saindo de seu corpo. Como? A espada? Foi ela quem arrancou a Triforça do Poder dele?
 Ver o símbolo desaparecendo foi o suficiente para que a ficha caísse. Ganondorf percebeu, tarde demais, que ele não era um deus. Ele era um mortal e cairia como um. Estava ficando frio e suas pálpebras ficavam cada vez mais pesadas a cada segundo que se passava. Ele conseguia sentir sua alma se aproximando do abismo.
 Aquele era o fim de Ganondorf.

 Aquele não era o fim de Ganondorf. 
 Atravessando as salas da velha pirâmide sem nada o protegendo além de sua armadura e sem nada iluminando seu caminho além da tocha que carregava, o gerudo procurava o segredo da construção.
 Por anos, lendas percorreram a Vila Gerudo acerca de duas luzes, uma vermelha e uma azul, que voavam sobre a pirâmide durante a noite. As gerudos diziam às suas filhas que eram fantasmas. Boatos corriam sobre uma força sombria que habitava a pirâmide, atraindo pobres tolos que se aventuravam em busca de grandiosidade e jamais retornavam. Mas com ele seria diferente. Ele descobriria o segredo da pirâmide e se tornaria o rei do mundo.
 “Se você sair da aldeia, não ouse voltar”, foi o que ela disse. O gerudo não se esqueceria até se vingar.
 Ao chegar em mais uma sala, Ganondorf viu algo que lhe chamou a atenção: um tridente cinza, adornado por um rubi, repousando em uma cama de pedra. Havia uma inscrição em uma estela. Aproximando a tocha do objeto de pedra, Ganondorf leu a inscrição, no antigo idioma gerudo, com um sorriso sombrio.

“Você busca o mundo?
Você busca poder?
Sua alma abomina a paz e anseia por mais?
Sua alma clama por destruição e conquista?
Nós lhe damos o poder para destruir o mundo.
O poder da escuridão.
Espírito maligno do tridente mágico.
Você é o Rei da Escuridão.”

 Finalmente. Após tanto tempo, Ganondorf havia encontrado o que buscava.
— Sim! Quero poder — Ele afirmou, revigorado — A história da luz e das sombras será escrita em sangue!
 Imediatamente ele retirou o tridente de seu leito milenar e o ergueu o mais alto que pôde, vitorioso.

 Zelda se levantou em meio aos escombros do castelo. A princesa de Hyrule, de dezessete anos, mal conseguia acreditar que ainda continuava viva. Ao ver o que estava à sua frente, entretanto, ela desejou que não estivesse.
 Na frente do trono, a Besta Sombria da Perdição, com seus olhos vermelhos e suas presas afiadas, empunhava o Poder Dourado das Deusas completo e gargalhava. Era uma risada alta que ecoava por toda Hyrule.
 Aos seus pés, caído no chão, estava o corpo de um jovem hyliano. Uma espada repousava ao seu lado, quebrada em quatro pedaços.
— Não! — A princesa gritou, em desespero, despertando de seu cochilo. Afobada, ela olhou para os lados, em busca daquele monstro ou de qualquer coisa que indicasse que aquele sonho era real. Para seu alívio, ela não achou nada. Zelda estava em seu quarto, sentada, com um grande livro aberto na sua frente. Era um livro de capa verde, ilustrada com um triângulo invertido rodeado por três triângulos menores. As páginas nas quais o livro estava aberto continham um pouco de saliva, sem dúvidas derramada pela princesa enquanto cochilava. De repente, a porta atrás de Zelda se abriu e seis jovens moças entraram, afobadas. Cada uma tinha um vestido e cabelos de uma cor: azul, amarelo, verde, branco, vermelho e roxo. Todas estavam visivelmente preocupadas.
— Está tudo bem, Alteza? — A dama azul perguntou.
— Ouvimos você gritar e ficamos muito preocupadas — A dama vermelha disse, suando.
— Safira? Rubi? Meninas? — Zelda se virou para olhá-las, ainda um pouco atordoada — Está tudo bem, me perdoem por preocupá-las. Eu só tive um… sonho.
— Aquele mesmo sonho? — A dama verde perguntou. Zelda balançou a cabeça, em tom afirmativo.
— É a quarta vez que eu o tenho, Esmeralda. Tenho certeza de que não é apenas um sonho. Eu a vi nele, de novo. Tenho certeza de esse livro possui as informações que estou procurando.
— Esse velho livro? — Esmeralda perguntou, olhando para o livro, com ceticismo.
 Folheando as páginas do livro, Zelda passou por muitas antigas lendas e histórias do folclore hyliano. “O Herói que era Quatro”, “O Mago dos Ventos”, “A Lenda dos Minish”… Não, não eram essas a lenda que ela procurava.
 Foi aí que, ao virar mais uma página, ela deu de cara com uma ilustração de três triângulos dourados, com o seguinte título: “A Triforça e o Reino Sagrado”. Seus olhos brilharam enquanto ela lia a seção com intenso interesse. A seção começava com um verso:

“Em um reino mais que distante,
O céu irradia ouro e não azul.
Lá o poder da Triforça
Transforma sonhos em realidade.”

 Enquanto lia a seção, Zelda ocasionalmente olhava para a sua mão direita, encarando a marca dos três triângulos dourados nela.
— Pelas Deusas, como eu espero que eu esteja errada — Ela comentou.

 Nos campos de Hyrule, uma figura encapuzada, magra e alta, de manto vermelho caminhava lentamente, com a ajuda de uma bengala de madeira. Suas mãos eram cobertas por luvas marrons. Sua longa barba branca era tudo o que ficava à mostra de seu rosto.
 Enquanto ele andava, nos céus, uma coruja o seguia. O estranho não lhe dava atenção, mas certamente havia percebido a sua presença. Ao passar por uma árvore, a coruja se empoleirou em um de seus galhos, e a figura parou de andar. Os dois se encararam, como se fossem velhos conhecidos. E, de fato, o eram. O estranho tirou seu capuz e mostrou seu rosto: um homem hyliano idoso, careca e de olhos azuis.
— Rauru. O que é que você quer agora? — Ele perguntou à coruja, um pouco irritado.
— Faz tempo que não me chamam assim. Hoje em dia, todos me conhecem só como o velho mestre Kaepora Gaebora — O pássaro respondeu, com um sorriso paterno — Eu sei que você disse que não queria a minha ajuda, mas…
— Disse e ainda não mudei de ideia nem pretendo mudar tão cedo. Passar bem — O velho hyliano se preparava para ir embora, quando voltou a olhar para Kaepora Gaebora — Na verdade, pensando melhor agora, acho que precisarei de sua ajuda para uma coisa apenas. Depois disso, eu quero que você fique longe de mim e não se envolva até que tudo esteja terminado. Estou procurando algo.
— Então, você finalmente resolveu falar com o garoto? Quer que eu te diga aonde ele mora? É imperativo que reunamos o Poder Dourado o quanto antes.
— Não será necessário, o garoto virá até mim. Não, Rauru, eu quero que você me diga aonde a tal lâmina está sendo guardada. A Espada dos Quatro.
 Ao ouvir a espada sendo mencionada, Kaepora Gaebora tremeu. Ele olhou para o Velho, desconfiado.
— Por que você quer saber isso? Por acaso você acredita que haja algum problema com o selo que mantém… ele preso?
— Eu as vi recentemente. As duas bruxas. Elas querem libertá-lo.
— O quê?! Então precisamos agir o quanto antes!
— Acho que você não entendeu, Rauru — O Velho disse, rindo de forma cínica — Você não conseguirá reunir o seu precioso Poder Dourado se a Besta Sombria não for liberta. Eu ouvi a conversa delas. As peças já estão em suas posições iniciais no tabuleiro para uma nova rodada. Agora, eu vou lhe perguntar mais uma vez e, quando eu receber a resposta que desejo, eu quero que suma de minha vista e não apareça mais até que tudo esteja terminado. Depois você poderá fazer o que bem entender. Aonde está a Lâmina que Divide os Céus?

 O Santuário da Espada dos Quatro, escondido no coração de Hyrule, abrigava a lâmina epônima. Originalmente a prisão particular de Vaati, o terrível Mago dos Ventos que tantas vezes atacou Hyrule no passado, agora a Espada dos Quatro abrigava um mal muito maior e mais perigoso, selado nela sete anos atrás.
 Passos curtos e apressados eram ouvidos, enquanto duas mulheres idosas, muito parecidas, caminhavam em direção ao pedestal da espada. Ambas tinham cabelos brancos e vestidos pretos, e a principal diferença é que uma possuíam uma gema vermelha na testa e a outra possuía uma gema azul.
— Vamos logo, Kotake — Uma das minúsculas mulheres afirmou enquanto as duas caminhavam em direção à lâmina — Nós já levamos sete anos para conseguirmos  encontrar este lugar, não podemos demorar mais! Ele nos espera!
— Já vou, Koume — Disse a outra, igualmente rabugenta — Você sabe muito bem que depois de seiscentos e oitenta anos minhas pernas não são mais o que costumavam ser…
— Setecentos anos — Koume corrigiu — Parando pra pensar, nem eu tenho mais certeza de quantos anos temos. 
— Silêncio, chegamos — Kotake riu quando ela e sua irmã se encararam, com a  Espada dos Quatro entre as duas. Elas seguraram na lâmina em conjunto e, com certo  esforço, a puxaram e a ergueram para o céu. Naquele momento uma nuvem negra  emanou da espada, cobrindo a visão de ambas. Quando a névoa se dissipou, os quatro olhos idosos se voltaram para aquele que era o prisioneiro da espada. Quem o olhasse nunca adivinharia que ele já fora um homem. Ajoelhado estava ele, se apoiando no chão com um tridente. Era um ser que se assemelhava a um grande javali azul  humanoide, com olhos escarlates, chamas que tinham o ódio como combustível. Ele respirou ofegante por um momento, visivelmente atordoado, e olhou ao seu redor até sua visão se fixar em suas libertadoras, que se ajoelharam perante sua presença.
— Quem são vocês? — O Rei da Escuridão perguntou, ameaçando-as com o tridente — Aonde estão as outras duas?
 As bruxas se olharam por um momento e riram entre si.
— Perdão, Lorde Ganon, mas o senhor está enganado — Kotake disse — Nós não nos multiplicamos, apenas somos irmãs gêmeas!
— O quê? E como é que vocês empunham a maldita lâmina sem se multiplicarem?
— Entendemos que esteja confuso após ficar preso por sete anos, ó Lorde Ganon — Koume respondeu — Se dois seres segurarem a Espada dos Quatro simultaneamente, suas propriedades multiplicadoras são anuladas.
 Ganon tomou a lâmina das mãos das velhas bruxas e a ergueu, sem efeito. 
— Ela também não funciona com demônios — Kotake acrescentou.
 O Rei da  Escuridão jogou a Espada dos Quatro no chão, levemente desapontado.
— Bah, não preciso disso! Quem são vocês?
— Koume e Kotake, as Bruxas Twinrova — As duas responderam em conjunto, com uma mesura — Quando o assunto é magia, nenhuma outra gerudo se compara a nós!
— Gerudo! — O demônio questionou, se afobando ao ouvir aquela palavra — Eu também sou um gerudo, mas nunca as vi na vila.
— Não havia como nos ver — Koume disse — Anos atrás, quando as gerudos decidiram reatar as relações com os malditos hylianos, nós fomos expulsas e juradas de morte caso tentássemos voltar.
— É mesmo? — Ganon olhou para as duas, pensativo. Ele se apoiou em um dos monumentos do santuário — Não me digam…
— Mas, antes de fugirmos, preparamos um presente para aquele que se tornaria o senhor do mundo, presente esse que o senhor agora possui. 
 Ganon olhou para sua arma. Ele nunca se perguntou qual era sua origem.
— Vocês criaram meu tridente? — Um sorriso maléfico se formou em seu rosto. Seria uma boa ideia manter as duas ao seu lado —  Bem, acho que devo um agradecimento então. Koume e Kotake, como recompensa por me ajudarem, eu as  farei generais de meu exército quando eu atacar Hyrule novamente e me vingar dos que me aprisionaram aqui. Eu devia saber que um tridente tão poderoso só poderia ter sido criado por bruxas muito talentosas como vocês.
— É um prazer servi-lo, Lorde Ganon, mas… — Koume disse, um pouco intimidada pelo grande javali — Perdoe a minha insolência em corrigi-lo, mas o tridente, por si só, não possui poder algum.
— O que está dizendo? — Ganon arqueou a sobrancelha, desconfiado — Olhem para mim! Eu era um mero gerudo mortal e o tridente me transformou em um poderoso demônio! Talvez vocês não sejam tão inteligentes quanto eu pensei…
— Não foi o tridente — Kotake concordou com sua irmã — O tridente era apenas um receptáculo para o verdadeiro poder que te transformou. Um poder tão antigo quanto o nosso mundo, e que apenas alguém digno como o senhor poderia manusear. Lorde Ganon, o senhor não olhou para suas mãos após obter o tridente? 
 Ganon olhou para sua mão esquerda. Não havia nada nela. Mas ele se surpreendeu quando, ao olhar para sua mão direita, percebeu um emblema gravado em sua própria pele. Três triângulos dourados, dispostos em uma formação triangular.
 O Rei da Escuridão encarava aquele emblema em um transe inquebrável. Ele reconhecia aquele símbolo. Algo em seu subconsciente ansiava por aquele símbolo. Mas o que ele representava?
— O que isso signfica? Bruxas, eu ordeno que me digam o significado desse símbolo! Agora!
 Koume e Kotake se encararam, sorrindo de forma diabólica, e então se voltaram para seu líder.
— Lorde Ganon, o senhor não sabe o que isso significa, mas sente em seu âmago que deseja este símbolo, não é? — Koume perguntou.
— Sim — Kotake continuou — Permita-nos contar-lhe uma das mais antigas lendas de Hyrule: a lenda do Poder Dourado, criado pelas três Deusas Douradas dos hylianos. A lenda da Triforça.
 Ao ouvir aquele termo, Ganon cerrou os olhos, altamente interessado.
— Pois contem.

quarta-feira, 3 de setembro de 2025

O Homem das Flores, aprisionado em um asilo

r/Undertale - What if the flower is "boss3", not Asgore?

 Uma surpresa que pegou os fãs desprevenidos com o lançamento dos capítulos 3 e 4 de Deltarune é a possibilidade de que o Asgore pode ser o chefe do capítulo 5.
 No capítulo 4, no Santuário Sombrio, é possível ver ilustrações de trechos da profecia, e três deles são importantes para essa discussão.
 O primeiro se refere à Rainha, no capítulo 2, com os dizeres "A carruagem da Rainha não pode ser parada" (referenciando a parte do capítulo com o seu carro). 
 O segundo se refere ao Tenna, no capítulo 3, com os dizeres "O Senhor das Telas, partido em vermelho pela lâmina" (referenciando o ataque que ele sofreu no final). 
 E o terceiro... Bem, o terceiro claramente mostra o Asgore, com coroa, segurando uma flor, com os dizeres "O Homem das Flores, aprisionado em asilo".
 Isso é, como um certo alguém gosta de falar, muito, muito interessante. Somado ao fato de que o Gerson menciona um "vasto jardim" na sua luta, que contém detalhes sobre os cinco primeiros capítulos do jogo, parece mesmo que o próximo capítulo vai se passar na floricultura do Asgore. E essas três imagens são nomeadas nos arquivos do jogo como "boss1" (Rainha), "boss2" (Tenna) e... "boss3" (Asgore)

r/Undertale - What if the flower is "boss3", not Asgore? 

 Desnecessário dizer, a plateia foi à loucura com essa. "Ah, o Asgore vai ser o chefe do capítulo 5"!
 Mas... e se o "boss3" dos arquivos não se referir à ele, mas sim à flor que ele está segurando?
 Segundo o próprio Asgore, ele conversa com suas flores, desabafando sobre seus problemas ("Elas são ouvintes tão boas, sabia? As flores"). Se alguém sabe exatamente o que o Asgore está sentindo, em seu âmago, são as flores. E, tanto nos capítulos 2 e 3, a Rainha e o Tenna tentaram forçar um lightner a ficar no Dark World (Noelle e Toriel, respectivamente), e ambos, apesar de tentarem fazer coisas ruins, tinham boas intenções. Talvez essa flor faça o mesmo.
 O Dark World é claramente uma forma de escapismo para os lightners, e não acho que com Asgore seria diferente, ainda mais em um Dark World feito em sua floricultura. Talvez ele o use para viver uma vida de fantasia onde ele ainda têm sua família inteira e seu emprego de volta. Talvez a coroa seja um sinal de que ele vá ser visto, de fato, como o rei amado por todos que ele era em Undertale. Tanto "asilo" quanto "asylum" em inglês podem significar um lugar de refúgio para alguém, como quando usamos o termo "asilo político".
 E, se Kris, Susie e Ralsei fecharem a fonte, ele vai perder isso. Talvez essa flor, sabendo de tudo pelo que o Asgore anda passando e vendo a alegria superficial que ele sentiria em uma pseudo-utopia criada por ele mesmo, veria a Fun Gang como uma ameaça e, sem nenhuma malícia genuína, tentaria "protegê-lo".
 Como todo mundo que jogou ambos sabe, o Toby Fox deixou em Undertale muitas pistas de coisas que aconteceriam em Deltarune, e eu acho que essa pode ser uma das coisas que Undertale faz foreshadowing. Durante a rota genocida, o Flowey nos conta sobre seus primeiros momentos após renascer, e ele revela que Asgore foi o primeiro a encontrá-lo, e a consolá-lo.
 
 "Eventualmente, o rei me encontrou, chorando no jardim. Eu disse a ele o que havia acontecido. Ele me segurou com lágrimas nos olhos, dizendo 'Está tudo bem. Tudo vai ficar bem.'"
 
 Se, em Undertale, tivemos o Asgore consolando Flowey após ele perder tudo, talvez em Deltarune tenhamos uma flor consolando o Asgore após ele perder tudo. E essa flor provavelmente não vai ficar muito feliz vendo a Fun Gang tentar tirar tudo do seu melhor amigo de novo.
 ...
 Bem, descobriremos o que vai acontecer ano que vem. Até lá.
 
Steam Workshop::Flowey Wink grid 

quarta-feira, 16 de julho de 2025

A pior fanbase do mundo

The Legend of Zelda: um guia completo com todos os jogos - Folha Vitória 

Quando eu era adolescente e pré-adolescente, vivia interagindo com fanbases de coisas como Undertale, Steven Universo, Gravity Falls e Five Nights at Freddy's, e nenhuma dela jamais foi tão tóxica quanto essa

Me tornei fã de Zelda em 2011. Meu primeiro jogo foi A Link to the Past, e ainda o adoro. É meu Zelda favorito até hoje. Eu adorava todos os jogos

Sempre fui o tipo de fã que gosta de teorizar e interpretar uma obra tanto quanto gosto de experimentar a obra. "O que isso significa? Se não tem um significado oficial, o que poderia significar para mim? Por que o personagem A age desse tipo?"

Zelda sempre foi um “prato cheio” para mim nesse aspecto. Mas, desde que comecei a interagir mais com o fandom online, fiquei muito menos encorajado a fazer essas coisas

Toda vez que você tenta criar uma discussão interessante, todo vídeo que você assiste, sempre tem alguém gritando que nada disso importa (como se qualquer coisa em Zelda importasse. Se você não gosta de coisas que “não importam”, por que está jogando? Literalmente nada disso importa) e sendo condescendente ou, nas piores ocasiões, simplesmente tratando-o como se você fosse estúpido por engajar com a série de forma diferente. Ora, é assim que meu cérebro sempre funcionou. Já vi pessoas dizendo pros outros "pararem de pensar" e "calarem a boca" só porque elas estavam tentando teorizar ou interpretar elementos dos jogos, e um desses comentários foi até em algo sobre Majora's Mask, um dos jogos com mais simbolismos e interpretações possíveis. Já fui chamado de "idiota" só por engajar com a série do meu jeito e por gostar das histórias dos jogos, não só da gameplay

Pela minha experiência, fãs de Zelda têm repulsa à mera ideia de que jogos possam ter uma história ou que elementos possam significar algo, e eu não vou ficar me expondo a esse tipo de situação. Existem muitas outras séries de jogos que são mais receptivas a quem gosta de interpretar a obra que consome. 

Pra ser sincero, eu meio que só cansei de ter que fazer documentos gigantes e threads inteiras em redes sociais só pra justificar para os outros como eu engajava com esses jogos

Por isso, hoje em dia eu quero que Zelda se foda

Enfim, isso com certeza entra na questão de problemas insignificantes, mas eu acho totalmente válido você se frustrar com problemas pequenos. Ninguém aqui tem sangue de barata

Enfim, se você tá atrás de uma série de jogos de ação, não jogue Zelda. Vá atrás de outra coisa e faça um favor a si mesmo

sexta-feira, 20 de junho de 2025

Teoria: Atômico e os deuses mecânicos (Ben 10)

 Ben 10 é uma franquia muito querida pra mim. Até os 11 anos, era o meu mundo. Até hoje eu gosto, apesar de não ser mais como antes. É uma nostalgia que eu imagino que seja semelhante ao que pessoas que nasceram nas décadas de 70-80 sentem por desenhos como He-Man e Thundercats. Enfim, é uma franquia com um universo muito rico, e isso é bastante convidativo para alguém como eu, que gosta de formular teorias. E o foco de hoje é Atômico, um dos mais poderosos aliens do Ben.

 Apesar de ter sido primeiramente mencionado no episódio 46 do clássico, "Ken 10", como um dos aliens que Ben 10.000, uma possível versão futura de Ben, tinha acesso, Atômico apenas foi estrear de verdade no episódio 190 da franquia, o final da quarta temporada de Ben 10: Omniverse, "Por Mais Alguns Cérebros", onde ele foi desbloqueado por Azmuth e lutou contra Albedo.

Atomix | Ben10Hero  

 Nos dias antes da estreia de Força Alienígena, reprises de episódios do clássico continham pop-ups informativos, muitas vezes usando informações da produção de AF. Alguns desses pop-ups eventualmente acabaram tendo sua informação usada no desenho (como a rivalidade entre Eon e o até então misterioso viajante temporal Paradoxo), e outras informações foram ignoradas ou retconadas. Um desses pop-ups afirma que, supostamente, a armadura do Azmuth em O Segredo do Omnitrix foi baseada nos "deuses mecânicos" cultuados pelos galvanianos pré-históricos.

 
Pode ser uma ilustração 
Pode ser um doodle de texto que diz "AZMUTH ANCTENT" 
 Levando em conta as semelhanças físicas, acho bem plausível que esses "deuses mecânicos" não sejam ninguém mais do que a raça do Atômico.
 
Nenhuma descrição de foto disponível. 
 
 E eu vou além.
 
 Segundo Força Alienígena, o símbolo do Omnitrix não é exclusivo dele e é, na verdade, o símbolo universal da paz, símbolo este que também está no peito do Atômico. 
 Nenhuma descrição de foto disponível.
 
 O Atômico é um dos poucos aliens que muda a personalidade do Ben, deixando-o mais formal, nobre e heroico. Quando algo assim acontece, é sinal de que esses são traços gerais da espécie. Rath deixa o Ben irritado e burro porque appoplexianos são assim. Artrópode deixa o Ben inteligente e arrogante porque cerebrocrustaceanos são assim. Por essa lógica, Atômico deixa o Ben formal, nobre e mais heroico porque sua espécie, no geral, é assim.
 Levando todas essas ideias em conta, imaginem que a raça do Atômico já havia se desenvolvido milhões e milhões de anos atrás, quando os galvanianos estavam em sua pré-história. Eles poderiam ser uma raça de super-heróis intergalácticos, viajando pelo cosmos trazendo justiça e paz por onde passassem. Talvez eles tenham protegido os pequenos galvanianos dos omnivorazes quando esses ainda viviam. Seja lá o que aconteceu, os galvanianos passaram a respeitar tanto esses seres por sua estatura, feitos e nobreza que eles passaram a vê-los como deuses, e talvez seu interesse em tecnologia tenha surgido numa tentativa de entender como essas criaturas funcionavam. A história dos guerreiros atômicos, passada de geração em geração, se tornou lenda, mas não foi esquecida. O símbolo que eles carregam no peito se tornou sinônimo com o ideal de paz no universo, sendo eventualmente adotado por Azmuth na construção do Omnitrix e, por um tempo, pelos Encanadores como seu distintivo.

quinta-feira, 6 de março de 2025

Desmistificando: Arrebatamento

"Estejam sempre prontos para dar a razão de sua esperança a todo aquele que a pede a vocês, mas com bons modos, com respeito e mantendo a consciência limpa." — I Pedro 3:15-16

 Arrebatamento.

 Essa é uma palavra muito conhecida no meio evangélico, e que se tornou muito conhecida do público geral, ao menos em minha experiência. Devido à guinada neopentecostal que o Brasil tem dado nos últimos anos e a obras como Deixados Para Trás (por sinal, o coautor desses livros é pai do diretor da série The Chosen, que anda fazendo sucesso por aí. Só dizendo), a doutrina do arrebatamento se tornou, para muitos não-cristãos, uma doutrina essencial do cristianismo. A ideia de que, um dia, os "crentes verdadeiros" serão levados aos céus e os pecadores serão deixados na Terra para sofrerem. O intuito dessa postagem é desmentir isso.

 A começar, a doutrina do arrebatamento é abismalmente recente, levando em conta o fato do cristianismo ter quase 2000 anos de existência. Suas origens podem ser traçadas para os Estados Unidos do início do Século XIX, com o pregador John Nelson Darby (1800-1882) como seu primeiro grande proponente. Duas passagens, ambas do Novo Testamento, foram e são usadas extensivamente por proponentes dessa ideia para defendê-la. Como parte dessa postagem, analisaremos ambas e refutaremos a ideia de que elas se referem a um arrebatamento dos fiéis dessa Terra.

 A mais conhecida vem da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, onde I Tessalonicenses 4:15-18 diz o seguinte:

 "Eis o que declaramos a vocês, baseando-nos na palavra do Senhor: nós, que ainda estaremos vivos por ocasião da vinda do Senhor, não teremos nenhuma vantagem sobre aqueles que já tiverem morrido. De fato, a uma ordem, à voz do arcanjo e ao som da trombeta divina, o próprio Senhor descerá do céu. Então os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, que estivermos ainda na terra, seremos arrebatados junto com eles para as nuvens, ao encontro do Senhor nos ares. E então estaremos para sempre com o Senhor. Consolem-se, pois, uns aos outros com essas palavras."

"Mas, Red", alguns podem falar ", como você pode refutar isso? O texto até usa o termo 'arrebatados'!" Sim, verdade, mas não é isso o que Paulo quis dizer no fatídico dia em que escreveu à igreja de Tessalônica, 1970 anos atrás. Usando da florida linguagem que permeia seus textos, o apóstolo pensava em outra imagem ao escrever essa cena da Segunda Vinda de Cristo (que, de fato, é algo fundamental para o cristianismo). Ele imaginou o evento do imperador romano vindo a uma cidade e, no meio do caminho, sendo recebido por enviados daquela cidade, que o escoltavam até lá. Nas palavras do bispo anglicano N. T. Wright:

 "Paulo evoca imagens de um imperador visitando uma colônia ou província. Os cidadãos saem para encontrá-lo no campo e depois o escoltam até a cidade.  A imagem de Paulo do povo 'indo de encontro ao Senhor nos ares' deve ser lida com a suposição de que o povo se voltará imediatamente e levará o Senhor de volta ao mundo recém reformado. As metáforas mistas de Paulo sobre o toque de trombetas e o fato de os vivos serem arrebatados para o céu para encontrar o Senhor não devem ser entendidas como verdade literal, como sugere a série Deixados para Trás, mas como uma descrição vívida da grande transformação do mundo atual, da qual ele fala em outro lugar."

 A segunda passagem erroneamente usada para defender o arrebatamento (e, na minha opinião, a mais engraçada delas) é Mateus 24:37-42, que diz o seguinte:

 "A vinda do Filho do Homem será como no tempo de Noé. Porque, nos dias antes do dilúvio todos comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até o dia em que Noé entrou na arca. E eles nada perceberam, até que veio o dilúvio, e arrastou a todos. Assim acontecerá também na vinda do Filho do Homem. Dois homens estarão trabalhando no campo: um será levado, e o outro será deixado. Duas mulheres estarão moendo no moinho: uma será levada, a outra será deixada. Portanto, fiquem vigiando! Porque vocês não sabem em que dia virá o Senhor de vocês."

 A lógica dos evangélicos que usam essa passagem é que as pessoas levadas nesse contexto são os cristãos, e as deixadas são os pecadores. Mas, na verdade, é o contrário.

 Reparem que Jesus compara a sua Segunda Vinda com a narrativa do dilúvio de Noé. Os maus foram levados pelas águas do dilúvio e apenas Noé e sua família foram deixados para trás. As pessoas sendo levadas, nesse contexto, são os pecadores, e os que são deixados para trás são os fiéis. Você quer ser deixado para trás. O evangélico que usa essa passagem para defender o arrebatamento se coloca entre os condenados, e ainda o faz com um sorriso no rosto. É isso que chamam de "ato falho"?

 A imagem dos condenados sendo "jogados" e "lançados" fora é muito recorrente nos discursos de Jesus nos Evangelhos. Alguns exemplos:

 "O Reino do Céu é ainda como uma rede lançada ao mar. Ela apanha peixes de todo o tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e escolhem: os peixes bons vão para os cestos, os que não prestam são jogados fora. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são bons. E lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí eles vão chorar e ranger os dentes." — Mateus 13:47-50

 "Então haverá aí choro e ranger de dentes, quando vocês virem Abraão, Isaac e Jacó junto com todos os profetas no Reino de Deus, e vocês jogados fora." — Lucas 13:28

 "Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem fica unido a mim, e eu a ele, dará muito fruto, porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não fica unido a mim será jogado fora como um ramo, e secará. Esses ramos são ajuntados, jogados no fogo e queimados." — João 15:5-6

 Importante notar que não são todos os protestantes que acreditam no arrebatamento. De fato, a maioria categoricamente o rejeita, e apenas os mais puxados ao pentecostalismo o aceitam.

 Isso nos leva ao último tópico dessa postagem: a verdadeira escatologia cristã. O problema do arrebatamento é que ele transforma o Céu no destino final da vida cristã, e ele não é. Nunca foi.

 Isso pode surpreender muitos, mas o Céu é apenas o leito de repouso dos que morreram em Cristo antes de sua Segunda Vinda. Quando Cristo retornar, todos os que morreram em amizade com Deus serão ressuscitados com um corpo como seu, glorificado, para nunca mais morrerem novamente. Os cristãos que estiverem vivos nessa ocasião também serão transformados, e jamais verão a morte. Como disse o apóstolo Paulo, "O próprio Espírito assegura ao nosso espírito que somos filhos de Deus. E se somos filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus, herdeiros junto com Cristo, uma vez que, tendo participado dos seus sofrimentos, também participaremos da sua glória" e ainda "Se permanecermos completamente unidos a Cristo com morte semelhante à dele, também permaneceremos com ressurreição semelhante à dele."

 "Vou dar a conhecer a vocês um mistério: nem todos morreremos, mas todos seremos transformados, num instante, num abrir e fechar de olhos, ao som da trombeta final. Sim, a trombeta tocará e os mortos ressurgirão incorruptíveis; e nós seremos transformados. De fato, é necessário que este ser corruptível seja revestido da incorruptibilidade, e que este ser mortal seja revestido da imortalidade. Portanto, quando este ser corruptível for revestido da incorruptibilidade e este ser mortal for revestido da imortalidade, então se cumprirá a palavra da Escritura: 'A morte foi engolida pela vitória. Morte, onde está a sua vitória? Morte, onde está o seu ferrão?'" — I Coríntios 15:51-55

 "Não fiquem admirados com isso, porque vai chegar a hora em que todos os mortos que estão nos túmulos ouvirão a voz do Filho, e sairão dos túmulos: aqueles que fizeram o bem, vão ressuscitar para a vida; os que praticaram o mal, vão ressuscitar para a condenação." — João 5:28-29

 Os que venceram a morte pelo poder de Deus herdarão a Terra, e viveram nela para sempre. A própria Terra será transformada, liberta de suas chagas e aflições para hospedar eternamente os filhos de Deus. Aqueles que rejeitaram a Deus e, por consequência, rejeitaram a si mesmos e à humanidade (visto que os homens são feitos à imagem de Deus) também serão ressuscitados, e serão afastados de Deus. Serão arrebatados, e os fiéis serão deixados para trás nesse mundo novo e eterno. Como foi escrito, "Não tenham medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma. Pelo contrário, tenham medo daquele que pode arruinar a alma E o corpo na Geena de fogo!"

 "Vi, então, um novo céu e uma nova terra. O primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe. Vi também descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, uma Jerusalém nova, pronta como esposa que se enfeitou para o seu marido. Nisso, saiu do trono uma voz forte. E ouvi: 'Esta é a tenda de Deus com os homens. Ele vai morar com eles. Eles serão o seu povo e ele, o Deus-com-eles, será o seu Deus. Ele vai enxugar toda lágrima dos olhos deles, pois nunca mais haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor. Sim! As coisas antigas desapareceram!' Aquele que está sentado no trono declarou: 'Eis que faço novas todas as coisas'. E me disse ainda: Elas se realizaram. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Para quem tiver sede, eu darei de graça da fonte de água viva. O vencedor receberá esta herança: eu serei o Deus dele, e ele será meu filho. Quanto aos covardes, infiéis, corruptos, assassinos, imorais, feiticeiros, idólatras, e todos os mentirosos, o lugar deles é o lago ardente de fogo e enxofre, que é a segunda morte.'" — Apocalipse 21:1-8

 Essa foi uma exploração breve do arrebatamento e seus problemas, bem como da real visão que os cristãos historicamente adotaram sobre a Segunda Vinda de Cristo. Não no Céu, mas na Terra.